Da ECO-92 à COP30
A ECO-92 simbolizou um momento de esperança. Daquele encontro nasceram a Convenção do Clima, o conceito moderno de desenvolvimento sustentável e compromissos inéditos entre países ricos e pobres. O mundo acreditava ser possível conciliar crescimento e preservação. As promessas financeiras nunca se cumpriram, o desmatamento cresceu e a desigualdade ambiental aprofundou.
Por Camilly Oliveira
A partir desta segunda-feira (10/11), o mundo olhará para Belém, onde a COP30 marca o retorno do Brasil ao centro das discussões climáticas globais. Exatamente, 32 anos depois da ECO-92, considerada a maior conferência ecológica da história, é a vez do Pará ser protagonista, com dilemas mais complexos e um ambiente político mais fragmentado.
A ECO-92 simbolizou um momento de esperança. Daquele encontro nasceram a Convenção do Clima, o conceito moderno de desenvolvimento sustentável e compromissos inéditos entre países ricos e pobres. O mundo acreditava ser possível conciliar crescimento e preservação. As promessas financeiras nunca se cumpriram, o desmatamento cresceu e a desigualdade ambiental aprofundou.
Enquanto o Norte global negocia créditos de carbono, o Sul ainda sofre com a devastação e o deslocamento de povos inteiros. O multilateralismo, que floresceu no Rio, sofre entre guerras desnecessárias, genocídios e disputas econômicas.
A COP30 chega em um tempo em que o debate ambiental já não se limita ao clima. As conferências se tornaram arenas políticas que se discutem transição energética, justiça climática, bioeconomia e soberania dos povos originários. O tema da Amazônia, antes tratado como patrimônio da humanidade, agora é defendido como questão de soberania e sobrevivência nacional.
A emergência climática deixou de ser pauta técnica para se transformar em tema de justiça social, com ênfase no papel dos países que menos poluíram, mas mais sofrem.
O esperado é que a COP30 não repita o ritual das promessas e metas inalcançáveis, mas inaugure um pacto real entre desenvolvimento e preservação. Três décadas depois da ECO-92, o planeta já não pede discursos, mas exige coragem política para enfrentar um modelo econômico que esgota a vida. A Amazônia será o centro do mundo, e o futuro, mais do que nunca, depende de ações concretas.
Brasil e o novo pacto verde
O governo brasileiro chega à COP30 com a missão de reconstruir a imagem ambiental e reafirmar o país como potência verde. As metas de desmatamento zero, a retomada dos fundos de preservação e o investimento em energias limpas indicam um novo ciclo. Mas o desafio é complexo: enfrentar a pressão do agronegócio predatório, equilibrar interesses econômicos e garantir que o discurso da sustentabilidade não se transforme em retórica de ocasião.
