Vítimas surgem a cada resgate
O Brasil se orgulha da imagem moderna, mas a realidade é de que mais de 3,4 mil mulheres foram resgatadas de situações análogas à escravidão entre 2004 e 2024. Enquanto isto, o sistema ignora as raízes desta exploração. Quem sofre? As mesmas mulheres: negras, periféricas e sem oportunidades.
Por Camilly Oliveira
O Brasil se orgulha da imagem moderna, mas a realidade é de que mais de 3,4 mil mulheres foram resgatadas de situações análogas à escravidão entre 2004 e 2024. Enquanto isto, o sistema ignora as raízes desta exploração. Quem sofre? As mesmas mulheres: negras, periféricas e sem oportunidades.
Os números falam por si. A grande parcela das vítimas resgatadas em 2023 tinha entre 25 e 29 anos. A maioria absoluta dos casos envolve mulheres jovens, sem educação e vulneráveis. O que as une é a falta de acesso à educação de qualidade. Mais de 32% das vítimas interromperam os estudos até a 5ª série, enquanto 25% são analfabetas. Isto não é um acaso, é consequência direta de um sistema que nega a elas a chance de uma vida digna.
Por mais que algumas mulheres sejam resgatadas, o número de vítimas masculinas, que ultrapassa 44 mil, é um sinal claro: a exploração está longe de ser erradicada. O que se vê é uma roda que gira, com mais mulheres sendo empurradas para o cativeiro enquanto o lucro segue intocado. O Brasil só vai debelar esta realidade quando admitir que, sem políticas públicas eficazes, a escravidão nunca cessará.