O Brasil que o progresso esqueceu
O Brasil oficial sempre teve lado, e não é o da maioria. Quase 60 milhões de pessoas estão presas em cidades onde o desenvolvimento é promessa eterna. São territórios onde nascer já é um fator de exclusão.
Por Camilly Oliveira
O Brasil oficial sempre teve lado, e não é o da maioria. Quase 60 milhões de pessoas estão presas em cidades onde o desenvolvimento é promessa eterna. São territórios onde nascer já é um fator de exclusão.
O Norte e o Nordeste seguem pagando a conta de um pacto social que distribui miséria para uns e progresso para outros, enquanto governantes fingem surpresa com dados que confirmam o óbvio: o atraso é projeto político.
Dados da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) mostram que 47,3% dos municípios brasileiros tinham desenvolvimento considerado baixo ou crítico em 2023. Quase metade do país abaixo de 0,600 no IFDM (Institute for Modern Development), índice que mede acesso a emprego, educação e saúde. No Amapá, nenhum município escapa do vermelho. Maranhão, Pará e Bahia também puxam a fila da negligência.
Cidades com índice abaixo de 0,400 são classificadas como críticas. Acima de 0,800, consideradas de alto desenvolvimento. Só 4,6% alcançam este patamar. A Firjan projeta que os piores municípios só chegarão ao nível dos melhores em 2046.