Juros sufocam. Desafio é conter inadimplência

Com o índice alto, a dívida que já era alta se transforma em uma bola de neve. Paralisa o consumo, corrói o poder de compra e afasta milhões de cidadãos do acesso ao crédito.

Por Ana Beatriz Leal

Os juros elevados colocam uma corda no pescoço do brasileiro endividado. O Banco Central mantém a Selic no maior patamar em quase duas décadas (14,75% ao ano). Com o índice elevado, a dívida que já era alta se transforma em uma bola de neve. Paralisa o consumo, corrói o poder de compra e afasta milhões de cidadãos do acesso ao crédito.

 

Dados do Serasa Experian mostram que em março o Brasil alcançou a marca de 75,7 milhões de inadimplentes, ou 46,6% da população adulta. Houve aumento de 1,02% em relação a fevereiro e de 6,35% na comparação com o mesmo mês de 2024. São 4,8 milhões de novos inadimplentes em apenas um ano. As informações estão no “Mapa de Inadimplência e Negociações de Dívidas no Brasil”.

 

O valor médio de cada dívida é de R$ 1.526,41 enquanto o valor médio por pessoa chega a R$ 5.793,66. O total devido no país alcança os R$ 438 bilhões. Débitos com bancos e cartões de crédito lideram com 28,46%, seguidas por contas básicas como água, luz e gás (20,58%), pendências financeiras (19,08%) e serviços diversos (11,23%).

 

Diante da situação, o desafio para o governo federal é grande. Apesar de iniciativas como o Desenrola Brasil, seguido de outros programas semelhantes, a pressão sobre o orçamento das famílias continua grande. O cenário exige mais. Uma política fiscal e monetária coordenada que promova a redução dos juros, incentive o crédito responsável e reestruture a educação financeira da população.