O desmatamento tem dono no Brasil
Entre 2019 e 2024, quase toda a vegetação nativa perdida, mais de 97%, teve relação direta com o avanço do agronegócio: pasto, soja, milho e grilagem. No Cerrado, o dado chega a 83,7% só em 2024. E a reincidência escancara o desprezo pela lei de quase metade das propriedades que desmataram já tinham feito o mesmo antes, algumas há seis anos seguidos. O sistema fecha os olhos, enquanto o lucro corre solto e a floresta cai.
Por Camilly Oliveira
A velha história do Brasil rural se repete em quem concentra terra, acumula poder, dinheiro e promove a destruição ambiental. Menos de 1% dos imóveis rurais foi responsável por mais de 80% do desmatamento no país em 2024. A elite do campo, sempre protegida por leis frágeis e fiscalização seletiva, segue avançando sobre os biomas, movida pela fome de lucro e pela certeza da impunidade.
Entre 2019 e 2024, quase toda a vegetação nativa perdida, mais de 97%, teve relação direta com o avanço do agronegócio: pasto, soja, milho e grilagem. No Cerrado, o dado chega a 83,7% só em 2024. E a reincidência escancara o desprezo pela lei de quase metade das propriedades que desmataram já tinham feito o mesmo antes, algumas há seis anos seguidos. O sistema fecha os olhos, enquanto o lucro corre solto e a floresta cai.
Quase 89% da área desmatada está dentro de propriedades cadastradas no CAR (Cadastro Ambiental Rural), mas o que falta é vontade política para romper com o ciclo. O Estado continua refém do latifúndio, que usa a terra para acumular riqueza privada e transformar floresta em commodity. A conta, claro, sobra para o país e os mais pobres, com seca, menos biodiversidade e futuro incerto.