Bancarização digital avança, mas deixa milhões para trás
Só o Pix movimentou quase 25 bilhões de transações feitas pelo celular em 2024, alta de 41%. A digitalização, no entanto, ignora parte importante da população: quem não tem internet ou celular.
Por Camilly Oliveira
Mais de 8 em cada 10 transações bancárias são feitas por meios digitais no Brasil. O dado, revelado pela Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025, mostra a força do mobile banking, que sozinho concentrou 75% das operações no ano passado.
Pesquisa feita pela Deloitte mostra que apenas 5% das transações passaram pelos canais físicos, como agências e caixas eletrônicos. Enquanto os bancos celebram economia com estrutura e pessoal, milhões de brasileiros seguem excluídos do sistema financeiro. São idosos, trabalhadores informais, moradores de áreas remotas, ribeiras, indígenas ou quilombolas e pessoas com baixa renda que dependem das agências, cada vez mais raras nos interiores e periferias.
É preciso garantir inclusão e acesso real aos serviços bancários. A lógica do lucro puro, que transforma banco em aplicativo e cliente em número, agrava desigualdades. Sem políticas públicas que ampliem a conectividade e obriguem os bancos a manter atendimento físico acessível, o dito avanço vira, na verdade, exclusão disfarçada de inovação.