Poluição afeta até o que ainda nem nasceu

As mudanças foram detectadas em regiões sensíveis do cérebro, ligadas ao desenvolvimento neurológico. E elas não se distribuem por acaso, quem respira mais veneno são as mães que moram longe do verde, em comunidades periféricas, perto do tráfego intenso, onde o Estado não chega, mas a fumaça sim. A injustiça ambiental começa antes do primeiro choro e molda trajetórias. 

Por Camilly Oliveira

A ideia de que a poluição só afeta o que se vê, como o céu acinzentado, pulmão cansado, ou a floresta devastada, cai por terra quando a ciência mostra que até o cérebro de um bebê dentro do útero sente os efeitos. Um estudo do The Lancet Planetary Health revelou que fetos expostos à poluição do ar já apresentam alterações cerebrais no terceiro trimestre da gestação. 

 


As mudanças foram detectadas em regiões sensíveis do cérebro, ligadas ao desenvolvimento neurológico. E elas não se distribuem por acaso, quem respira mais veneno são as mães que moram longe do verde, em comunidades periféricas, perto do tráfego intenso, onde o Estado não chega, mas a fumaça sim. A injustiça ambiental começa antes do primeiro choro e molda trajetórias. 

 


A crise climática não é só ambiental, mas política, econômica, social e racial. A cada alerta ignorado, o poder público reafirma o pacto com o lucro, e não com a vida. Combater a poluição é proteger o presente e o futuro.