Empreendedores, moídos pelo mercado

Quase 48% dos trabalhadores brasileiros apresentam sintomas de burnout, segundo pesquisa do Boston Consulting Group. Não por acaso, o país lidera os índices de sofrimento psíquico ligado ao trabalho. A lógica que adoece funciona no desmonte de direitos, enfraquecendo vínculos, e na venda da falácia de meritocracia, maquiada de liberdade. 

Por Camilly Oliveira

O nome burnout anestesia a brutalidade de um sistema que exige corpos disponíveis, mentes alertas e sorrisos o tempo todo. Não se trata de colapso individual, mas de um projeto político que transformou a vida inteira em planilhas de Excel. O neoliberalismo vai além da precarização do trabalho. Captura a subjetividade individual, instala a culpa como método e a autogestão, o “empreendedor de si” como cárcere. A falência não é física, mas civilizatória.

 


Quase 48% dos trabalhadores brasileiros apresentam sintomas de burnout, segundo pesquisa do Boston Consulting Group. Não por acaso, o país lidera os índices de sofrimento psíquico ligado ao trabalho. A lógica que adoece funciona no desmonte de direitos, enfraquecendo vínculos, e na venda da falácia de meritocracia, maquiada de liberdade. 

 


No discurso liberal, todo fracasso é pessoal e toda dor, erro de gestão. O sujeito ideal é flexível, competitivo e automotivado. O burnout não é epidemia, mas sintoma de uma máquina de moer gente, que chama opressão de escolha e precariedade de empreendedorismo.