O colapso invisível de quem sustenta tudo

Enquanto se vendem cursos de “recomeço aos 50” e fórmulas de sucesso “maduro”, a realidade é outra: burnout crônico, crises de identidade, sensação de fracasso. Segundo a Fiocruz, são os campeões na automedicação com tarja preta e o Google confirma que lideram as buscas por terapia e reinvenção. Só que, diferentemente dos posts motivacionais de LinkedIn, não têm tempo, nem rede de apoio, mas inúmeros boletos.

Por Camilly Oliveira

Cuidam dos filhos, dos pais, das contas e da própria saúde mental, tudo ao mesmo tempo. E ninguém fala sobre eles, a geração entre 40 e 55 anos está no centro da engrenagem social, mas fora de todas as conversas. Não têm o “hype” da juventude, nem o prestígio da velhice. São os que mais empreendem, mais sustentam lares, mais tomam antidepressivos e mais devem no Serasa. Estão no limite, mas seguem invisíveis.

 


Enquanto se vendem cursos de “recomeço aos 50” e fórmulas de sucesso “maduro”, a realidade é outra: burnout crônico, crises de identidade, sensação de fracasso. Segundo a Fiocruz, são os campeões na automedicação com tarja preta e o Google confirma que lideram as buscas por terapia e reinvenção. Só que, diferentemente dos posts motivacionais de LinkedIn, não têm tempo, nem rede de apoio, mas inúmeros boletos.

 


É a geração que sustenta o Brasil, mas não sustenta o próprio corpo e vive no meio do fogo cruzado: exigida como jovem, tratada como velha, ignorada por campanhas, empresas e políticas públicas. Gente que nunca parou, mas que foi deixada para trás. O mercado finge que eles não existem, e a política também.

 


Não se trata de crise da meia-idade, mas do colapso estrutural de quem segura o país e ainda escuta que não fez o suficiente. Falar da geração 40+ não é tendência, mas urgência. É uma implosão meticulosa e silenciosa.