Escala 6×1 é racista e excludente

A escala 6×1, que obriga o trabalhador a folgar apenas um dia na semana, atinge em cheio a juventude das periferias. Os jovens negros que ganham até um salário mínimo são maioria entre os submetidos a esta rotina exaustiva, aponta o Atlas da Escala 6×1, lançado na Flip (Feira Literária Internacional de Paraty). 

Por Camilly Oliveira

A escala 6×1, que obriga o trabalhador a folgar apenas um dia na semana, atinge em cheio a juventude das periferias. Os jovens negros que ganham até um salário mínimo são maioria entre os submetidos a esta rotina exaustiva, aponta o Atlas da Escala 6×1, lançado na Flip (Feira Literária Internacional de Paraty). 

 


São pessoas que gastam, em média, mais de 1h30 por dia no transporte público, para receber salários que mal cobrem o básico, engrenagem cruel que mantém o racismo estrutural operando no mercado de trabalho.

 


O estudo, fruto da parceria entre o Observatório do Estado Social Brasileiro, o Sindicato dos Comerciários do Rio e a Trama, mostra que 73% dos trabalhadores negros da escala 6×1 ganham até R$ 2.120,00 contra 59,4% entre os brancos. 

 


A discriminação é maior com as mulheres negras - 80,7% estão neste patamar de renda. Não é apenas um problema social, mas um abismo racial que escancara quem está na base da pirâmide.

 


Além dos salários baixos, a pesquisa revela que a jornada 6x1 corrói o bem-estar: 27% apresentam atestado por saúde mental e 21% se atrasaram no trabalho. É o retrato de uma população sacrificada diariamente pelo modelo de exploração que sabota a vida de quem já nasceu com menos oportunidades.

 


A escala 6×1, ao manter jovens negros periféricos presos em rotinas massacrantes, alimenta um sistema que lucra com a desigualdade. É crucial repensar políticas que enfrentem o racismo no trabalho, valorizem a juventude e apontem para uma jornada humana, justa e compatível com a democracia.