Milhões de brasileiros convivem com o crime organizado
A pesquisa foi feita em 130 municípios de todas as regiões do país e mostra maior concentração nas capitais e grandes cidades, especialmente na região Nordeste. No recorte racial, 23% dos autodeclarados pretos afirmam conviver com facções, frente a 13% entre brancos.
Por Itana Oliveira
Facções criminosas e milícias ampliaram presença em áreas urbanas do Brasil, afetando diretamente a vida de milhões de indivíduos. Segundo levantamento do Datafolha, 19% da população afirmam conviver com o crime organizado na vizinhança, salto em relação aos 14% registrados ano passado. O crescimento representa cerca de 28,5 milhões de pessoas sob influência direta dessas organizações.
O avanço impõe maior responsabilidade à democracia social, afinal, o crime organizado já não atua apenas de forma territorial: há indícios de infiltração em setores como o comércio de combustíveis adulterados e o uso de fintechs para movimentações financeiras, movimentos que, embora ainda sob investigação, apontam para uma sofisticação crescente dessas redes.
A pesquisa foi feita em 130 municípios de todas as regiões do país e mostra maior concentração nas capitais e grandes cidades, especialmente na região Nordeste. No recorte racial, 23% dos autodeclarados pretos afirmam conviver com facções, frente a 13% entre brancos.
Entre moradores de áreas dominadas, 27% conhecem cemitérios clandestinos e pontos de uso de drogas são relatados por 40% dessas pessoas em seus trajetos diários, ambos os índices aumentaram em relação a 2024. Além disto, 16% da população já presenciaram abordagens violentas da PM, índice que sobe para 25% entre jovens de 16 a 24 anos.
Por fim, 8% dos brasileiros, equivalente a 13,4 milhões de pessoas, relatam ter familiares ou conhecidos desaparecidos, com maior incidência entre as classes mais pobres.