Menos emprego, mais doença

Segundo o Rais (Relação Anual de Informações Sociais), em 10 anos o número de funcionários com transtornos mentais no BB, Itaú, Bradesco e Caixa, juntos aumentaram em 168%, passando de 5.411 em 2014 para 14.525 em 2024. 

Por Itana Oliveira

A saúde mental da categoria bancária apresenta piora a cada novo dado analisado. Segundo o Rais (Relação Anual de Informações Sociais), em 10 anos o número de funcionários com transtornos mentais no BB, Itaú, Bradesco e Caixa, juntos aumentaram em 168%, passando de 5.411 em 2014 para 14.525 em 2024. 

 

O bancário, que há tantos anos luta pelo direito à saúde física, visto que o modelo de trabalho desencadeia uma série de doenças osteomusculares, hoje precisa fazer malabarismo para não adoecer de uma forma ou de outra. 

 

Observando de outro ângulo, a situação ainda é mais decadente: no mesmo período, 88.165 empregos bancários foram eliminados, ou seja, mesmo com redução dos postos de trabalho, o número de doenças se eleva. 

 

Os efeitos são sentidos nos afastamentos. No INSS, 34,5% foram por transtornos ansiosos, enquanto que 24,8% por estresse grave e transtornos de adaptação; 24,1% por episódios depressivos e 11,2% pela recorrência deste último.

 

Ainda que as estatísticas sejam claras e inegáveis e que relatos sejam repetidos individualmente, os bancos se recusam a admitir a realidade, pois se debruçar sobre o problema supostamente colocaria os lucros em risco. Ignorância, afinal, um funcionário doente não é capaz de dar o melhor nem para si e nem para o banco.