Conferência Livre debate diversidade e inclusão
A conferência reuniu mais de 100 pessoas e contou com a participação da advogada Mariana Serrano, mestre em Direito do Trabalho pela PUC-SP e referência nacional no enfrentamento à violência de gênero.
Por Rose Lima
Na noite desta quinta-feira (07/08), foi realizada a Conferência Livre de Políticas para as Mulheres Bancárias, com o tema “Diversidade e Inclusão no Setor Financeiro – O Papel da Mulher”. O encontro, mediado pela diretora da Federação Grassa Felizola, reuniu trabalhadoras do setor, dirigentes sindicais e convidadas especiais para discutir os desafios e avanços na luta por igualdade de gênero no mundo do trabalho, especialmente no sistema financeiro.
A conferência reuniu mais de 100 pessoas e contou com a participação da advogada Mariana Serrano, mestre em Direito do Trabalho pela PUC-SP e referência nacional no enfrentamento à violência de gênero. Em sua fala, Mariana trouxe reflexões profundas sobre como o capitalismo se beneficia das desigualdades estruturais e do apagamento do trabalho das mulheres.
“Falar sobre inclusão passa pelo reconhecimento de que a exclusão existe”, destacou. Para ela, compreender a questão de gênero é fundamental para combater as desigualdades: “As exclusões que sofremos promovem preconceitos. Nós somos parte da classe trabalhadora, somos parte da luta, mas o capitalismo se aproveita disso para aumentar seus lucros.”
Mariana chamou atenção para o fato de que o trabalho não remunerado realizado pelas mulheres — como cuidados domésticos, criação de filhos e tarefas de limpeza — é invisibilizado e explorado. De acordo com dados apresentados, em 2023 esse trabalho gratuito movimentou o equivalente a 10,3 trilhões de dólares.
A advogada também lembrou que, quando uma função passa a ser socialmente valorizada, muitas vezes as mulheres são excluídas dela. No setor bancário, por exemplo, as trabalhadoras ainda enfrentam uma diferença salarial de cerca de 20% em relação aos homens, reflexo de uma sociedade que “não é neutra com relação ao gênero” e que busca extrair o máximo do trabalho feminino, seja ele remunerado ou não.
O evento, organizado pela diretoria de Gênero do Sindicato, também marcou simbolicamente o aniversário da Lei Maria da Penha, reforçando a importância da luta contra todas as formas de violência e exclusão. “Todas as mulheres precisam de lugar. Nós somos seres de luta também. Não dá para nos silenciar”, afirmou Mariana.
A conferência contou ainda com a participação de Livia Ferreira, que destacou a importância de criar ambientes seguros e inclusivos para todas as pessoas, inclusive para a comunidade LGBTQIA+.
“A gente acredita na inclusão. Ambientes inseguros podem nos retaliar e impedir que falemos sobre nossa orientação sexual. Muitas vezes, o mercado de trabalho deixa de contratar por conta disso. É por isso que iniciativas como esta conferência são tão importantes”, afirmou.
A diretora de Gênero do Sindicato, Martha Rodrigues, destacou o sucesso da iniciativa. “A Conferência reforçou que diversidade e inclusão não são pautas secundárias, mas parte essencial da luta por justiça social e igualdade no setor financeiro e na sociedade como um todo”, concluiu.
Conferência Nacional
Durante a Conferência Livre foram eleitas delegadas que representam as bancárias na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que acontece entre 16 e 19 de setembro, em Brasília.
As delegadas são Grassa Felizola, Nole Fraga e Ana Guaranys e as suplentes, Rosângela Miranda e Martha Rodrigues.