Desigualdade começa na infância
Estudo do programa Todos Pela Educação, publicado nesta segunda-feira (11), revela um cenário alarmante: de 2016 a 2024, a diferença no atendimento entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos saltou de 22 para 29,4 pontos percentuais.
Por Julia Portela
A desigualdade no acesso a creches entre ricos e pobres só cresce no Brasil. Estudo do programa Todos Pela Educação, publicado nesta segunda-feira (11), revela um cenário alarmante: de 2016 a 2024, a diferença no atendimento entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos saltou de 22 para 29,4 pontos percentuais.
As creches, que atendem crianças até 3 anos antes da entrada na pré-escola, deveriam ser um direito garantido a todas as famílias. No entanto, no final de 2024, apenas 30,6% das crianças de famílias mais pobres estavam matriculadas. Entre as mais ricas, a taxa chegava a 60%. A disparidade não é mero acaso: é reflexo de um modelo que falha em garantir direitos básicos e reproduz desigualdades históricas.
A falta de acesso à creche atinge diretamente a renda e a dignidade das famílias trabalhadoras. Sem vaga garantida, muitos pais, especialmente mães, são impedidos de trabalhar ou são forçados a deixar seus filhos em situações precárias e inseguras. É a falta de política pública empurrando famílias inteiras para a vulnerabilidade social e econômica.
A educação infantil é responsabilidade dos municípios e o compromisso do público precisa ser real e efetivo. Investir em creches é promover igualdade, geração de renda e futuro para as crianças. Quando existe falha neste dever, as famílias pobres são condenadas a um ciclo de exclusão, enquanto aos mais ricos são asseguradas todas as oportunidades de crescimento.