Água sob ataque da crise climática
No Brasil, 112 milhões de pessoas, mais da metade da população, dependem total ou parcialmente dessa fonte para abastecimento.
Por Julia Portela
A crise climática, consequência direta de um modelo econômico predatório que privilegia o lucro acima da vida, ameaça comprometer de forma drástica a recarga natural dos aquíferos brasileiros, reduzindo a oferta de águas subterrâneas em praticamente todo o território nacional.
Um estudo conduzido por cientistas do Instituto de Geociências da USP (Universidade de são Paulo) e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) analisou os impactos de diferentes cenários climáticos até o fim do século. O resultado é alarmante: com o aumento médio das temperaturas entre 1°C e 3,6°C e chuvas cada vez mais irregulares, a disponibilidade de água subterrânea tende a cair significativamente.
No Brasil, 112 milhões de pessoas, mais da metade da população, dependem total ou parcialmente dessa fonte para abastecimento. Se os aquíferos perderem a capacidade de renovação, milhões de brasileiros podem enfrentar um colapso hídrico sem precedentes.
Não se trata apenas de números ou previsões científicas: se trata de dignidade, de saúde e de futuro. Garantir a preservação dos aquíferos significa enfrentar interesses bilionários que lucram com a destruição ambiental e tratar a água como o que ela é: um direito humano fundamental.