Pressão afeta a saúde dos bancários

Uma bancária afastada pelo INSS, que preferiu não se identificar, compartilhou a luta que enfrenta com o diagnóstico de LER/DORT, uma condição provocada diretamente pelo trabalho bancário. Em palavras carregadas de sofrimento, descreveu a recorrência dos gatilhos.

Por Itana Oliveira

O trabalho bancário, que já foi sinônimo de prestígio, hoje é um grande desafio à saúde dos profissionais. O colapso da saúde da categoria é, sem dúvida, uma das principais preocupações do movimento sindical. As entidades reivindicam há anos que as empresas reconheçam o que já é incontestável e se repete de maneira insustentável a cada novo relato.

 


Uma bancária afastada pelo INSS, que preferiu não se identificar, compartilhou a luta que enfrenta com o diagnóstico de LER/DORT, uma condição provocada diretamente pelo trabalho bancário. Em palavras carregadas de sofrimento, descreveu a recorrência dos gatilhos. “Mesmo afastada, nunca consegui me afastar da dor de verdade. Porque toda vez que vejo uma notícia de agência fechando, colegas sendo desligados, demissões em massa mascaradas por ‘reestruturações’… é como se uma bomba tivesse caído bem no meio da minha memória. Da minha história”.

 


De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social, 35% dos acidentes de trabalho são causados por LER/DORT. Na Bahia, o índice chega a 41,4%. “É cruel assistir tudo de fora. Mais cruel ainda saber que nem a doença foi suficiente para me proteger do impacto. Sonho com metas, chefes, cobranças, exclusão e indiferença, porque ficaram tatuadas em mim. Não tem perícia que avalie o peso disso”, desabafa.

 


Enquanto isso, bancos continuam a demitir, como o Itaú, que ainda esta semana dispensou cerca de mil trabalhadores. Como menciona o relato: “Eu não sou um erro de produtividade. Eu sou a prova de que o sistema financeiro adoece e descarta”, enquanto lucra.