Audiência debate adoecimento dos bancários

Mesmo empregando uma parcela pequena da força de trabalho brasileira, o setor responde por 2,81% dos afastamentos por acidentes e 1,12% das licenças previdenciárias registrados pelo INSS, segundo o Observatório de Saúde e Segurança no Trabalho.

Por Julia Portela

A audiência pública acontece hoje (23/09), a partir das 16h30, na Comissão do Trabalho da Câmara dos Deputados, para debater uma realidade já conhecida por quem atua no sistema financeiro: o adoecimento dos trabalhadores bancários não é caso isolado, mas parte de uma engrenagem que lucra às custas da saúde mental e física da categoria.

 


A discussão, que tem como foco as condições de trabalho nos bancos, traz à tona dados alarmantes que desmontam o discurso de modernidade e bem-estar vendido pelas instituições financeiras.

 


Mesmo empregando uma parcela pequena da força de trabalho brasileira, o setor responde por 2,81% dos afastamentos por acidentes e 1,12% das licenças previdenciárias registrados pelo INSS, segundo o Observatório de Saúde e Segurança no Trabalho. A distorção revela uma estrutura produtiva violenta, na qual metas abusivas, assédio moral, cobranças fora do expediente, demissões em massa e medicalização compulsória fazem parte do cotidiano.

 


A situação é ainda mais grave na Caixa, onde 69% dos afastamentos são motivados por transtornos mentais e comportamentais. A prática sistemática de exploração, principalmente sobre mulheres, inclui o uso da imagem como mercadoria e reforça a lógica perversa do adoecimento como subproduto da produtividade.

 


Essa realidade exige ruptura com a lógica ultraliberal que transforma vidas em números e naturaliza o sofrimento como parte da rotina. O debate sobre saúde mental no trabalho bancário não pode ser restrito a diagnósticos, é preciso encarar o problema como fruto de um modelo a ser enfrentado.

 


O Sindicato dos Bancários da Bahia segue na linha de frente da denúncia e da cobrança por mudanças estruturais. Que a audiência pública não se torne apenas mais um protocolo, porém um passo concreto na construção de um ambiente de trabalho digno, saudável e humano.