Sem as mulheres, o campo para
Enquanto o capital lucra com o trabalho precarizado, são as mulheres rurais que sustentam a vida, a produção e a esperança. Reconhecer e garantir direitos a quem alimenta o país é uma questão de urgência e de justiça social.
Por Julia Portela
Todos os dias, mulheres do campo garantem alimento na mesa da população, preservam o meio ambiente e sustentam a economia com trabalho duro e pouco reconhecido. Ainda assim, seguem à margem das políticas públicas e do desenvolvimento. Valorizar e investir nestas trabalhadoras é um passo essencial para um futuro digno e sustentável.
A liderança feminina nas zonas rurais é motor de transformação, conectando a ação local ao progresso global. No entanto, são justamente essas mulheres que mais sofrem com a pobreza extrema e a insegurança alimentar. Se nada mudar, 351 milhões de mulheres e meninas no mundo continuarão vivendo em extrema pobreza até 2030, um retrato cruel da desigualdade estrutural que atravessa o campo.
Trata-se de uma realidade marcada pela invisibilidade e pela violação cotidiana de direitos. Dados do Censo reforçam o abismo: mulheres recebem, em média, 20% a menos do que os homens em funções equivalentes, enfrentam dupla jornada e lidam com a exposição a agrotóxicos, além da falta de infraestrutura básica em suas comunidades.
Enquanto o capital lucra com o trabalho precarizado, são as mulheres rurais que sustentam a vida, a produção e a esperança. Reconhecer e garantir direitos a quem alimenta o país é uma questão de urgência e de justiça social.