Mais uma face da desigualdade

O resultado não surpreende quem defende a educação pública como ferramenta de emancipação social.

Por Julia Portela

 

Pesquisa recente do Instituto Sonho Grande confirma o que a educação pública vem gritando há tempos mas muitos governos insistem em ignorar: estudantes de escolas estaduais com oferta de Ensino Médio Integral (EMI) apresentaram desempenho superior no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024 em relação a alunos de escolas com jornada parcial.

 

 

O resultado não surpreende quem defende a educação pública como ferramenta de emancipação social. O modelo integral oferece mais do que aulas: oferece tempo, acolhimento, estrutura e oportunidades que historicamente foram negadas à juventude pobre e trabalhadora.

 

 

Os dados do Censo Escolar 2024 também apontam uma geografia da resistência e da aposta no futuro: os cinco estados com maior proporção de estudantes matriculados em tempo integral são todos do Nordeste: Pernambuco (69,6%), Ceará (54,6%), Paraíba (54,5%), Piauí (54,1%) e Sergipe (35,2%). Estados que, apesar dos ataques sistemáticos e do desmonte promovido por projetos ultraliberais, seguem investindo em políticas públicas estruturantes.

 

 

Esses números reforçam uma verdade que o Brasil precisa encarar: o Ensino Médio Integral não é apenas uma proposta pedagógica, é uma estratégia de justiça social, de combate às desigualdades e de desenvolvimento econômico sustentável. É uma aposta na juventude da periferia, no filho da trabalhadora, que veem na escola uma possibilidade real de mudar de vida.

 

 

No entanto, para que esta transformação se consolide, é preciso mais. É urgente que o Estado assuma responsabilidade e garanta condições concretas de permanência dos estudantes na escola integral. Isto significa apoio financeiro direto às famílias, políticas de alimentação escolar de qualidade, transporte digno e valorização dos profissionais da educação.