Dívida adoece quem trabalha

A pesquisa inédita da SalaryFits, em parceria com a Serasa Experian, revela uma realidade alarmante: 66% dos trabalhadores brasileiros enfrentam aumento de estresse causado pelo endividamento. Os sintomas mais comuns são irritabilidade, insônia e depressão, reflexos diretos da pressão financeira e da precarização das condições de vida impostas pelo modelo econômico atual.

Por Julia Portela

A pesquisa inédita da SalaryFits, em parceria com a Serasa Experian, revela uma realidade alarmante: 66% dos trabalhadores brasileiros enfrentam aumento de estresse causado pelo endividamento. Os sintomas mais comuns são irritabilidade, insônia e depressão, reflexos diretos da pressão financeira e da precarização das condições de vida impostas pelo modelo econômico atual.

 

O dado se torna ainda mais grave diante da ampliação da NR1 (Norma Regulamentadora nº 1), que passou a reconhecer os riscos psicossociais como responsabilidade das empresas. Mesmo assim, mais da metade das organizações (52%) segue ignorando a saúde mental dos empregados, tratando o adoecimento como questão individual, e não como resultado de políticas de exploração e metas abusivas.

 

O estudo mostra que o peso das dívidas ultrapassa a vida pessoal e atinge o desempenho no trabalho: 51% relatam aumento do estresse, 47% sentem exaustão física e 33% percebem queda na produtividade. O endividamento, longe de ser um problema isolado, é um instrumento de controle que mantém o trabalhador submisso, exausto, sem perspectiva de ascensão e desanimado para a luta classista.

 

Diante deste cenário, o debate sobre educação financeira e uso consciente da tecnologia deve ser acompanhado de políticas públicas e empresariais que garantam condições dignas de trabalho, salários justos e estabilidade. Sem isto, qualquer discurso sobre “bem-estar financeiro” se torna vazio e hipócrita.

 

O endividamento não é consequência da falta de planejamento individual, mas do desequilíbrio estrutural que favorece bancos e grandes corporações em detrimento da classe trabalhadora. Combater essa lógica é uma necessidade urgente para recuperar a dignidade e a saúde de quem sustenta o país com o próprio esforço.