No Brasil, 3 em cada 5 jovens fora do ensino superior são negros

As principais razões para a evasão escolar são financeiras (39%), seguidas por responsabilidades familiares e dificuldades de transporte (ambas com 19%). Também são apontados o baixo apoio pedagógico (18%) e a falta de acesso a cursos de qualidade (17%).

Por Itana Oliveira

Segundo pesquisa do British Council, 63% dos brasileiros que interrompem os estudos antes do ensino superior são negros (pretos e pardos), enquanto apenas 33% são brancos. Apesar de representarem 55,5% da população, jovens negros seguem como minoria entre os que concluem a universidade. Metade da faixa etária entre 19 e 24 anos não estuda nem possui diploma universitário.


As principais razões para a evasão escolar são financeiras (39%), seguidas por responsabilidades familiares e dificuldades de transporte (ambas com 19%). Também são apontados o baixo apoio pedagógico (18%) e a falta de acesso a cursos de qualidade (17%).

 

As desigualdades se mantêm no mercado de trabalho. Jovens negros, além de comporem a maioria da força de trabalho informal, enfrentam mais dificuldade para arcar com despesas básicas: mais da metade recebe menos de 1,5 salário mínimo, e 39% não conseguem cobrir os custos mensais da casa. Já entre os brancos, quase metade tem renda superior a dois salários mínimos, proporção que cai para 22% entre os pretos e 35% entre os pardos. A diferença salarial também é expressiva, os rendimentos médios são 31% menores para pretos e 12% para pardos, enquanto brancos recebem 19% acima da média geral.

 

A discriminação racial é recorrente: 86% dos jovens pretos e 71% dos pardos afirmaram já ter vivido situações de preconceito. Os relatos mais comuns envolvem piadas sobre aparência, apelidos ofensivos e atitudes de desconfiança em espaços públicos. Muitos também apontaram o tratamento superficial do racismo nas escolas.

 

Os dados exibem os efeitos de uma histórica ausência de políticas públicas voltadas à equidade racial. Apesar dos avanços buscados pelo governo atual, os desafios são profundos e estruturais.