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Ataque a escolas

No artigo, o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ, Álvaro Gomes, aborda os casos de ataques violentos nas escolas no Brasil.

O fenômeno de ataques violentos nas escolas no Brasil é relativamente novo, e tem crescido de forma assustadora. De 2002 a 2016 foram 06 episódios, de 2017 até março de 2023 foram 16. (www.novaescola.org.br).  Só em 2022 foram 08, e até março de 2023 dois, sendo o último o que ocorreu na Escola Thomázia Montoro em São Paulo que resultou na morte da professora de 71 anos por um adolescente de 13 anos. 


Este cenário que estamos vivenciando no Brasil se assemelha aos massacres que ocorrem nos Estados Unidos e precisa ser analisado a fundo as causas para as devidas medidas preventivas. Para a pesquisadora da Unicamp Telma Vinho, coordenadora do estudo “Ataques de violência extrema em escolas no Brasil”, em entrevista ao Fantástico do dia 02/04/23, estes ataques eram muito esporádicos e aumentou muito nos últimos meses. 


Ela argumenta que os autores desses atentados tem gosto pela violência, usam expressões capacitistas, racistas, homofóbicas e que são motivados por algum evento de sofrimento na escola, experimentaram bulling e  “são usuários de uma subcultura extremista. Cada vez mais estes grupos estão na superfície da internet, ensinando massacres, conteúdos extremistas radicais, discurso de ódio e lá eles têm ressentimentos potencializados.”


O problema é que geralmente não se busca a causa do fenômeno, a preocupação principal é combater os efeitos e assim a situação vai se agravando. O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas por exemplo, afirmou que pretende contratar policiais da reserva para que eles fiquem permanentes nas escolas. Essa medida não é eficaz.  É preciso que os profissionais especializados na área façam um diagnostico desta problemática para a partir daí tomar as medidas preventivas.


Diante de uma situação de jovens com sofrimento, vítima de violência, é fundamental o acolhimento, entre outras medidas, para enfrentar a problemática.  É necessário a participação de psicólogos e outros profissionais para discutir as possíveis soluções para prevenir violências nas escolas. A resolução desse grave problema passa pela necessidade de cuidar das pessoas, sejam alunos, servidores ou professores.


O discurso de ódio, a proliferação grupos de extrema direita nas redes sociais, incentivando a violência, o racismo, a homofobia, o fascismo precisam ser interrompidos. A liberdade seja na vida real ou na internet não pressupõe cometer crime e nem atentar contra a vida das pessoas.


*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ