Mulheres violentadas na pandemia
No artigo, a diretora do Sindicato dos Bancários da Bahia, Graça Gomes, aborda o aumento da violência contra as mulheres no Brasil durante a pandemia.
A rápida e ampla expansão da Covid-19 no mundo fez com que a palavra "pandemia" se tornasse parte do cotidiano. Um estudo feito pela URFJ mostra que os casos de estresse, situações de violência dentro do lar passam a ser mais frequentes ou acontecem pela primeira vez, assim como a dependência econômica da mulher, consumo de álcool e drogas tem demonstrado ativa inquietação com o aumento excessivo da criminalidade praticada contra ás mulheres.
Essa violência cresceu bastante neste contexto que estamos vivendo aqui. No Brasil, a taxa de feminicídio é 74% maior do que a média mundial. É uma responsabilidade tanto social quanto governamental.
Estudos demonstram que por mais que tenhamos medidas protetivas a violência contra as mulheres aumentou muito neste processo pandêmico. Não obstante termos um presidente que alimenta o ódio e sua campanha foi baseada em fazer arminhas, citando dentro do próprio congresso palavras que descaracterizam a igualdade entre os seres. A luta contra a violência mulher completou 40 anos. Mesmo assim, ainda lutamos através dos órgãos cabíveis e pela denúncia diminuir esse tipo de crime.
Muito trabalho precisa ainda ser feito para garantir que as pessoas que sofrem abusos possam continuar a obter acesso a apoio, refúgio e atendimento médico no cenário da pandemia de Covid 19.
Também dentro deste processo pandêmico jamais devemos esquecer que as mulheres negras sofreram violências de todo tipo. O desemprego e a falta de oportunidades geraram um impacto maior entre as negras. A violência doméstica, em geral, se espalhou pelo Brasil.
A pandemia escancarou que são as mulheres negras, pobres e periféricas as mais afetadas, por estarem nas ruas e nas casas dos patrões batalhando pelo sustento da família. O diálogo com os poderes públicos e a sociedade deve continuar para combatermos toda e qualquer forma de violência. Para isso devemos divulgar ao máximo os setores envolvidos de proteção à mulher, principalmente as mulheres negras, que, ainda em um país racista e com recorte de gênero, deixa a desejar em muito.
Lutar sempre foi e será preciso, necessário. Nossos passos vêm de longe e durante a pandemia a violência contra a mulher ficou ainda mais nítido!
*Graça Gomes é diretora do Sindicato dos Bancários da Bahia e do Iapaz, membro da UBM e coordenadora do Dieese-seção regional