Ecologia, política e sociedade
No artigo, Nole Fraga fala sobre ecologia e seu impacto social
O debate sobre ecologia, política e sociedade, com o cientista político Joviniano Neto, a ambientalista Iaraci Dias e a educadora Déborah Irineu, será o início de uma série de encontros para refletir a proposta contida no livro Recriar as práticas políticas: construir uma sociedade decente, de Beraldo Boaventura. Ex-presidente do Sindicato dos Bancários (1984/1987), ex-deputado federal (1991/1994) e gestor sócio ambiental nas últimas décadas, Beraldo Boaventura passou os dois anos de reclusão imposta pela pandemia do coronavirus, pesquisando, refletindo e escrevendo sobre a necessidade de buscar novas formas de fazer política, no Brasil, para alcançar o objetivo de vivermos numa sociedade mais justa, que se possa chamar de uma sociedade decente.
No dia 27 de novembro próximo, a partir das 18 horas, no auditório do Sindicato dos Bancários da Bahia, o autor vai apresentar as ideias contidas no livro e, com a participação dos debatedores e convidados, iniciar diálogos sobre o que cada um pode fazer para reposicionar as práticas políticas, gerando projetos estrategicamente viáveis. Ao longo de 450 páginas, fundamentadas em leituras de 333 obras de autores consagrados, entre os quais Edgar Morin, Fritjof Capra, Karl Marx, Hannah Arendt e David Bohm e enriquecidas com citações de 12 filmes – Elysium, A Nau dos Insensatos, Cidade de Deus, Hotel Ruanda, entre outros - Beraldo Boaventura traça um painel da vida humana na terra e reflete sobre os possíveis cenários a partir do que for feito hoje.
Na questão ecológica, por exemplo, o autor enfatiza que a abordagem, para ser efetiva, precisa abranger as dimensões ambiental, social e mental e ir além do conservacionismo (no limite, elitista) e da ecoeficiência. Deve incorporar o ecologismo dos pobres e o projeto de uma reconstrução social mais profunda. Afirma, ainda, que é necessário ir além do ingênuo tripé da sustentabilidade e ecologizar a política e politizar a ecologia.
Sobre as propostas de ação política, Beraldo Boaventura ressalta, no livro, que a meta é dignificar a condição humana: universalizar uma vida digna para todos (registrar o passado, construir o futuro), a partir da realidade de hoje, por meio de reformas estratégicas, transformações micro e macro, a depender das oportunidades construídas pela racionalidade e pelas lutas sociais. O socialismo (a sociedade justa) é um projeto ético. Conclui que é necessário construir uma outra social-democracia, baseada em uma democratização consistente, visão sistêmica, múltiplas ecologias e ética humanista.
*Nole Fraga é diretora do Sindicato dos Bancários da Bahia