No Santander, igualdade de gênero é “da boca para fora” 

O Santander gera polêmica. Em peça publicitária, informa que não há diferença salarial entre homens e mulheres há mais de 10 anos no banco. Mas, esconde que as bancárias encontram muito mais barreiras para ascender profissionalmente

O Santander gera polêmica. Em peça publicitária em comemoração ao Dia das Mães, informa que, no banco, não há diferença salarial entre homens e mulheres há mais de 10 anos. Mas, esconde que as bancárias encontram muito mais barreiras para ascender profissionalmente.


Na prática, quando o banco prioriza os homens em cargos de chefia, está, sim, causando uma diferenciação salarial. Dados da própria empresa mostram. Em 2021, as bancárias ocupavam 61% dos cargos na área operacional e os homens 39%. Nas vagas de diretoria, quer dizer com remuneração maior, o índice se inverte e apenas 25% eram ocupadas por mulheres e 75% por homens.


Outro relatório da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, deixa claro que a discriminação vai além do Santander. É um problema de todo o sistema financeiro. A diferença salarial de gênero na categoria bancária é de 22,2%.


A campanha acendeu um alerta e a questão será tratada em negociação entre a COE (Comissão de Organização dos Empregados) e a direção do Santander, no dia 22 de maio. O movimento sindical quer saber como o banco trata a demanda e quais medidas são tomadas para mudar o atual cenário.  
Campanha
Na campanha publicitária, o Santander informa que vai oferecer desconto de 21% - índice correspondente à diferença salarial de gênero no país - em produtos bancários para as mulheres. 


A iniciativa é positiva, já que muitas são chefes de família e quase 80% estavam endividadas em fevereiro, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio). Mas, para o movimento sindical, deveria abranger produtos mais críticos, como juros do cartão de crédito e do financiamento da casa própria.