Menos miséria e mais dignidade

Ano passado, 20,9% da população ainda viviam com menos de R$ 39,00 por dia, índice que cai pelo terceiro ano seguido, mas revela um passado de abandono. 

Por Camilly Oliveira

A pobreza no Brasil sempre teve cor, gênero e CEP. Estruturada sobre desigualdades históricas, condenou gerações à margem. Ano passado, 20,9% da população ainda viviam com menos de R$ 39,00 por dia, índice que cai pelo terceiro ano seguido, mas revela um passado de abandono. 
 

No Maranhão, a pobreza atinge 44% dos moradores. Em lares chefiados por mulheres negras, o índice salta para 34%, três vezes mais do que entre famílias lideradas por homens brancos. Por trás dos números estão séculos de negação de direitos.
 

A reversão desta realidade não vem de discursos vazios, mas de escolhas políticas. Desde 2022, o Brasil abriu 2,8 milhões de vagas formais e viu o desemprego recuar para 6,2%, o menor patamar desde 2014. O salário médio subiu 4,8% e o mínimo foi reajustado com ganho real, enquanto programas como o Bolsa Família ampliaram cobertura e impacto.
 

Estes avanços puxaram a pobreza para baixo e reacenderam a perspectiva de mobilidade social, especialmente entre os mais jovens e os trabalhadores informais.
 

O cenário ainda é cruel e desigual, mas o Brasil mostra ser possível mudar. A queda da pobreza não é milagre econômico, é resultado de ação direta do Estado. Ainda que a previsão para 2025 seja de desaceleração no ritmo de melhora, os efeitos já aparecem nas periferias, nos pequenos comércios, nas escolas reocupadas por filhos de trabalhadores. Não há caminho democrático sem combate à pobreza.