Menos de 40% se vacinaram contra a gripe
A baixa adesão não é resultado de desinformação individual, mas sim de uma série de desmontes e negligências promovidas ao longo dos últimos anos.
Por Julia Portela
A baixa cobertura vacinal contra a gripe já acende um alerta entre especialistas e entidades de saúde. Menos de 40% do público-alvo procurou os postos até agora, segundo dados do Ministério da Saúde. A campanha nacional de vacinação contra a influenza, prevista para terminar em junho, foi prorrogada até o dia 31 de julho diante da preocupação com o avanço de casos e o risco de agravamento da doença entre os grupos mais vulneráveis.
A baixa adesão não é resultado de desinformação individual, mas sim de uma série de desmontes e negligências promovidas ao longo dos últimos anos. O desfinanciamento do SUS, o enfraquecimento das campanhas públicas e o abandono de uma política de valorização da vacinação estão entre os fatores que explicam o cenário. Ao mesmo tempo, discursos negacionistas foram naturalizados em parte da sociedade — consequência direto de um projeto político que atacou frontalmente a ciência e os direitos sociais.
Para os trabalhadores, a consequência é direta: maior exposição a doenças, aumento do adoecimento e pressão ainda maior sobre a saúde mental e física.
Sem uma política séria de promoção à saúde e sem campanhas de vacinação robustas e acessíveis, o risco recai, mais uma vez, sobre quem está na linha de frente.
Vacinação é um direito, mas garantir o acesso e fomentar uma cultura de proteção coletiva é dever do Estado. A saúde pública não pode ser tratada como questão de escolha individual. É uma responsabilidade coletiva e um instrumento fundamental para a defesa da vida — especialmente da classe trabalhadora.