A ganância que derruba a floresta

Grandes empresas e latifundiários seguem ampliando lucros bilionários às custas da degradação ambiental.

Por Julia Portela

Informações públicas do Ibama, analisadas pelo observatório De Olho nos Ruralistas, revelam que os 25 principais responsáveis pelo desmatamento da Amazônia nas últimas décadas são grandes empresários, grupos do agronegócio, empresas siderúrgicas, grileiros e até políticos com patrimônio milionário. Entre 1995 e 2019, foram aplicadas R$ 34 bilhões em multas ambientais. Os maiores autuados são justamente os que acumulam poder econômico e político.

 

 

Essa realidade desmonta discursos oficiais que culpam os mais pobres pela degradação ambiental. Os dados comprovam que a destruição sistemática da floresta está diretamente ligada à concentração de riqueza e ao modelo de produção predatório que trata a natureza como mercadoria descartável. Trata-se de um projeto político que serve aos interesses do capital e de seus representantes.

 

 

O desmatamento não é fruto da necessidade, mas da ambição. Grandes empresas e latifundiários seguem ampliando lucros bilionários às custas da degradação ambiental. A floresta vira pasto, carvão, soja e lucro. E os impactos desse modelo recaem sobre os povos originários, trabalhadores do campo, comunidades ribeirinhas e sobre toda a sociedade brasileira, que enfrenta as consequências das mudanças climáticas e da destruição dos biomas.

 

 

A manutenção desse ciclo está diretamente ligada à ausência de responsabilização efetiva. Mesmo diante de autuações milionárias, muitos desses agentes continuam operando livremente, financiando campanhas eleitorais e influenciando decisões políticas. Trata-se de um modelo que concentra poder e destrói direitos, territórios e modos de vida.

 

 

A devastação da Amazônia é um sintoma do capitalismo em sua forma mais brutal: um sistema que lucra com a destruição e se sustenta na desigualdade. A floresta não está caindo por fome. Está sendo derrubada por ganância.