As exigências sociais e a medicalização de jovens

No Brasil, entre 2013 e 2023, os registros de ansiedade entre crianças e jovens superaram os de adultos.

Por Ana Beatriz Leal

A saúde mental juvenil merece um olhar mais crítico diante da crescente medicalização. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) revelam que um em cada sete adolescentes de 10 a 19 anos sofre com algum transtorno mental. No Brasil, entre 2013 e 2023, os registros de ansiedade entre crianças e jovens superaram os de adultos.

 


O aumento é reflexo de múltiplos fatores, mas há uma linha muito tênue entre o que, de fato, é um transtorno psiquiátrico ou uma tendência à medicalização excessiva, que pode mascarar problemas sociais e emocionais típicos da adolescência.

 


Embora a medicação tenha papel fundamental, a pressão por diagnósticos rápidos e a normalização de remédios psiquiátricos podem ser prejudiciais. A medicalização pode dificultar o desenvolvimento emocional dos adolescentes, que precisam aprender a lidar com frustrações e adversidades sem recorrer imediatamente a uma solução farmacológica.

 


Um dos fatores que influenciam no crescimento dos diagnósticos é o estilo de vida dos jovens, cada vez mais hiperconectados. O uso constante de redes sociais e a exposição a padrões inalcançáveis exacerbam sentimentos de inadequação, ansiedade e depressão, criando um ciclo difícil de romper.