A influência da sindicalização nas normas de gênero familiares

A pesquisa faz uma constatação, infelizmente, naturalizada no Brasil. A divisão de trabalho nos lares ainda é marcada pela desigualdade. São as mulheres quem assumem a maior parte das tarefas domésticas e o cuidado com os filhos, como se só elas fossem responsáveis. 

Por Ana Beatriz Leal

Estudo recente, conduzido pela pesquisadora Sara Costa, formada pela Faculdade de Economia da UFBA, aborda um tema ainda pouco explorado no debate público brasileiro, que é a relação entre participação sindical e as normas de gênero nas famílias. 
 

A pesquisa faz uma constatação, infelizmente, naturalizada no Brasil. A divisão de trabalho nos lares ainda é marcada pela desigualdade. São as mulheres quem assumem a maior parte das tarefas domésticas e o cuidado com os filhos, como se só elas fossem responsáveis. 
 

O estudo propõe uma análise sobre como a atuação sindical pode atuar de forma a estimular as transformações culturais dentro da própria família, já que fortalece vínculos de solidariedade, senso de comunidade e pode transformar a forma como os indivíduos se enxergam e se posicionam nas relações pessoais. 
 

Ao se inserirem em ambientes onde o diálogo, a negociação e o compromisso com o bem comum são fundamentais, trabalhadores tendem a desenvolver uma consciência mais crítica sobre os papéis de gênero que reproduzem, cotidianamente.
 

O envolvimento, além das conquistas fruto da ação sindical, como a ampliação da licença-paternidade, cursos de paternidade responsável e formações em comunicação não violenta, ajudam a transformar a maneira como os homens enxergam seu papel no cuidado com a família.
 

Após uma tentativa, por parte do projeto ultraliberal dos governos Temer e Bolsonaro, de desvalorização, descapitalização e enfraquecimento dos sindicatos, fica comprovada a importância das entidades para além da defesa dos direitos trabalhistas. É uma ferramenta estratégicas na luta por justiça de gênero.