Com agronegócio no comando, Brasil perde florestas

O que antes levou cinco séculos para ser destruído, o Brasil fez em apenas quatro às vésperas da COP30, a conta deste modelo econômico baseado em terra arrasada já está sendo cobrada. Manter a produção agrícola sem travar a preservação é receita para colapso climático. Enquanto o lucro de poucos dita o ritmo, o país segue trocando riquezas naturais por um futuro seco. 

Por Camilly Oliveira

O Brasil perdeu, em 40 anos, cerda de 111,7 milhões de hectares de áreas naturais, mais do que todo o território da Bolívia. O levantamento do MapBiomas expõe uma história de retrocessos ambientais marcada por leis flexibilizadas, desmonte da fiscalização e avanço predatório do agronegócio.

 


Em 1985, o país preservava 80% do território, hoje, restam 65%. Neste intervalo, pastagens avançaram 62,7 milhões de hectares e a agricultura, 44 milhões, transformando o que antes eram florestas, campos e áreas úmidas em fronteiras de produção.

 


O ciclo de destruição teve etapas bem definidas. Primeiro, o boom de pastagens nos anos 1980. Depois, entre 1995 e 2004, a década mais agressiva: quase 45 milhões de hectares sacrificados, com a Amazônia como epicentro. A desaceleração tímida dos anos seguintes não resistiu ao período pós-2015, quando a mineração disparou, 58% da área minerada do Brasil surgiu nesta última década, e secas históricas alteraram profundamente os biomas.

 

 
O que antes levou cinco séculos para ser destruído, o Brasil fez em apenas quatro às vésperas da COP30, a conta deste modelo econômico baseado em terra arrasada já está sendo cobrada. Manter a produção agrícola sem travar a preservação é receita para colapso climático. Enquanto o lucro de poucos dita o ritmo, o país segue trocando riquezas naturais por um futuro seco.