Selic: do sonho ao pesadelo
A pesquisa da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário) mostra que apenas 33% da população tem intenção de comprar um imóvel nos próximos três meses, o menor patamar desde 2019. O custo do dinheiro, transformado em barreira intransponível, matou a possibilidade de famílias conquistarem moradia própria.
Por Camilly Oliveira
O sonho da casa própria virou um pesadelo alimentado pelos altos juros. Com a Selic nas alturas, em absurdos 15%, o crédito encareceu tanto, a ponto de afastar milhões de brasileiros do financiamento imobiliário.
A pesquisa da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário) mostra que apenas 33% da população tem intenção de comprar um imóvel nos próximos três meses, o menor patamar desde 2019. O custo do dinheiro, transformado em barreira intransponível, matou a possibilidade de famílias conquistarem moradia própria.
Com menos recursos no SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que deveria sustentar o crédito imobiliário, o financiamento para a classe média e baixa se tornou um privilégio quase inalcançável. A política monetária, ao invés de fomentar o acesso à habitação, está servindo apenas para engordar os lucros dos bancos e afastar ainda mais a sociedade de um direito básico: ter aonde viver.
Enquanto isto, nos últimos 12 meses, a fatia de investidores entre os compradores subiu de 31% para 43%, segundo levantamento da FipeZap. Ou seja: o teto que deveria abrigar famílias virou ativo de lucro em mãos de poucos. O BC, que deveria estar ao lado do povo, escolheu o rentismo. A cada ponto percentual da Selic, o Brasil se distancia da justiça.