Ditadura, nunca mais

O primeiro grupo de nomes inclui militantes assassinados na Guerrilha do Araguaia, vítimas do DOI-Codi e da Chacina da Lapa, símbolos da brutalidade do regime. A luta dos familiares, sustentada por décadas contra a omissão do Estado, mostra que não há democracia sólida sem encarar o passado. A verdade, finalmente reconhecida, é também um recado político: negar a ditadura é negar a própria humanidade das vítimas. 

Por Camilly Oliveira

O Brasil dá um passo histórico contra o apagamento da ditadura militar com a entrega das primeiras 63 certidões de óbito corrigidas de vítimas da violência de Estado, marcada para dia 28 próximo. O gesto é articulado pela CEMDP (Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos).

 


Cada certidão retificada desmonta a farsa que tentou transformar sequestros, execuções, torturas, “desaparecimentos em acidentes”, doenças ou sumiços sem explicação.

 


A reparação acontece após anos de negacionismo institucionalizado. Jair Bolsonaro construiu sua carreira política exaltando torturadores e ridicularizando os mortos da ditadura, desmoralizando famílias e minimizando crimes reconhecidos internacionalmente como de lesa-humanidade. 

 


A narrativa do ex-presidente não apenas silenciou vítimas, mas buscou legitimar a impunidade dos algozes, reforçando a herança autoritária ainda presente no país. O contraste atual é brutal, enquanto o governo anterior debochava do luto, o atual devolve dignidade a quem resistiu.

 


O primeiro grupo de nomes inclui militantes assassinados na Guerrilha do Araguaia, vítimas do DOI-Codi e da Chacina da Lapa, símbolos da brutalidade do regime. A luta dos familiares, sustentada por décadas contra a omissão do Estado, mostra que não há democracia sólida sem encarar o passado. A verdade, finalmente reconhecida, é também um recado político: negar a ditadura é negar a própria humanidade das vítimas.