Contas engolem a renda do brasileiro
Reflexo do mercado de trabalho mais aquecido e políticas públicas para aumento do poder aquisitivo, o percentual de comprometimento da renda dos brasileiros com contas a pagar tem caído nos últimos anos, hoje, em média, 70,5%, mas ainda é elevado.
Por Ana Beatriz Leal
Reflexo do mercado de trabalho mais aquecido e políticas públicas para aumento do poder aquisitivo, o percentual de comprometimento da renda dos brasileiros com contas a pagar tem caído nos últimos anos, hoje, em média, 70,5%, mas ainda é elevado.
Em 2022, o índice estava em 72,3%, caiu para 72% em 2023 e ano passado os brasileiros tinham 70,9% da renda comprometida com contas, como dívidas bancárias, faturas de cartão de crédito, energia elétrica, internet e outros gastos fixos.
O crescimento gradual da renda, no entanto, anda não é suficiente para conter a inadimplência, elevada por conta da política de juros altos dos bancos. Hoje a Selic está em 15%, o que encarece o crédito, prejudica a população e beneficia apenas os rentistas. O Brasil tem 77,8 milhões de inadimplentes. A cada 10 pessoas, quatro não têm como pagar as dívidas.
As contas engolem, sobretudo, o dinheiro de quem ganha pouco. Brasileiros que recebem até um salário mínimo têm 90,1% da renda comprometida. No caso de dois pisos, o índice é de 79,4%; três salários mínimos, 71,1%.