Tecnologia e novas formas de exploração

O avanço das novas tecnologias e a expansão do trabalho mediado por plataformas digitais têm criado novas formas de exploração laboral no Brasil. Esta é a conclusão da pesquisadora Laura Valle Gontijo, no artigo “Impactos das longas jornadas de trabalho dos entregadores de alimentos por plataformas digitais em sua saúde física e mental”.

Por Itana Oliveira

O avanço das novas tecnologias e a expansão do trabalho mediado por plataformas digitais têm criado novas formas de exploração laboral no Brasil. Esta é a conclusão da pesquisadora Laura Valle Gontijo, no artigo “Impactos das longas jornadas de trabalho dos entregadores de alimentos por plataformas digitais em sua saúde física e mental”.

 

A pesquisa, realizada com entregadores do Distrito Federal, identificou jornadas que chegam a 12 horas diárias, com apenas um a dois dias de folga por mês. As entrevistas evidenciaram casos de adoecimento físico e mental, conflitos familiares, fadiga constante, distúrbios do sono e altos índices de acidentes de trabalho.

 

Segundo a análise, a ausência de regulamentação e o modelo de pagamento por entrega intensificaram a exploração, pois a renda incerta leva os trabalhadores a estenderem a jornada para atingir metas mínimas. O controle exercido pelos aplicativos, com bloqueios e avaliações automáticas, reforça a pressão e o medo de perder o acesso à plataforma.

 

O estudo destaca que os impactos sobre a saúde mental são significativos, com aumento do estresse, sensação de injustiça e desvalorização. A falta de descanso e de férias remuneradas também contribui para o isolamento social e o esgotamento físico e emocional desses profissionais.

 

Dossiê

 

O artigo de Laura Gontijo compõe uma série de publicações relacionadas à escala exaustiva do trabalhador, organizado pelo Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho) em parceria com outros centros de pesquisas, universidades e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).