Da crise ao reerguimento
A virada revela uma reconstrução baseada no fortalecimento do salário mínimo, na reativação do mercado interno e na recuperação do Estado como o grande garantidor de direitos, o oposto do ciclo que, entre 2016 e 2022, desmontou políticas públicas e elevou o país ao vergonhoso patamar de 36,8% de pobres em 2021.
Por Camilly Oliveira
A saída de 8,6 milhões de brasileiros da pobreza em 2024 é a prova concreta de que o país reencontra o caminho interrompido pela década de retrocessos que devastou políticas públicas, destruiu o poder de compra e ampliou desigualdades. Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta quarta-feira, mostram que com a redução dos números, o índice de pobreza foi para 23,1%, o menor desde 2012.
A virada revela uma reconstrução baseada no fortalecimento do salário mínimo, na reativação do mercado interno e na recuperação do Estado como o grande garantidor de direitos, o oposto do ciclo que, entre 2016 e 2022, desmontou políticas públicas e elevou o país ao vergonhoso patamar de 36,8% de pobres em 2021.
A conjuntura global é crucial para entender os números. A pandemia de 2020, como apontam os parâmetros do Banco Mundial, desorganizou economias inteiras e testou a capacidade dos governos de proteger suas populações. No Brasil, a queda artificial da pobreza naquele ano só ocorreu pela pressão social que garantiu um Auxílio Emergencial, mas quando o benefício foi reduzido em 2021, sem crescimento econômico e com desemprego alto, o resultado foi explosão da pobreza.
A partir de 2022, o mercado de trabalho começou a reagir, programas de transferência recuperam força e o Estado retorna ao centro do combate às desigualdades, produzindo queda consistente nos índices sociais.
Os números comprovam a mudança estrutural com 48,9 milhões de pessoas que estavam abaixo da linha de pobreza em 2024, contra 57,6 milhões em 2023. A extrema pobreza caiu para 7,4 milhões, o menor nível da série histórica. O Índice de Gini recuou a 0,504, a melhor marca desde 2012, e subiria a 0,542 sem Bolsa Família, BPC e políticas de proteção, segundo o próprio IBGE.
As desigualdades regionais e raciais continuam profundas, com 39,4% de pobreza no Nordeste e índices muito maiores entre pretos e pardos. Ainda assim, o país está respirando mais aliviado. O avanço revela o impacto direto de escolhas políticas que colocam o povo, e não o rentismo no centro das prioridades. Quando o Estado funciona, a sociedade levanta a cabeça.
