A guerra de Trump contra o Pix

Incomodou tanto que agora virou justificativa para uma investigação comercial dos EUA contra o Brasil. Disfarçada de preocupação econômica, a ofensiva é, na verdade, recado claro de que qualquer iniciativa que escape do controle das big techs será retaliada.

Por Camilly Oliveira

A ataque de Donald Trump ao Pix não acontece por acaso. O sistema brasileiro de transferências instantâneas virou o novo alvo do imperialismo norte-americano porque rompeu com a lógica do monopólio financeiro global. Criado pelo Banco Central, gratuito e acessível, quebrou a dependência de cartões, bancos e fintechs estrangeiras. 

 


Incomodou tanto que agora virou justificativa para uma investigação comercial dos EUA contra o Brasil. Disfarçada de preocupação econômica, a ofensiva é, na verdade, recado claro de que qualquer iniciativa que escape do controle das big techs será retaliada.

 


Enquanto o Pix se consolida como o meio de pagamento mais usado no país, com 175 milhões de usuários e R$ 2,6 trilhões movimentados só em abril deste ano, Visa, Mastercard e afins lamentam perda de espaço. O Brasil criou um sistema público, funcional e replicável, e compartilhou o código com vizinhos. Fechou acordos diretos com países como China e Colômbia. Fez tudo que os EUA abominam para outros países, a ousadia de ser independente.

 


Trump, que já demonstrou desprezo por qualquer projeto que envolva soberania alheia, agora quer travar o Pix de qualquer jeito. A fala sobre “práticas desleais” encobre o lobby sujo das corporações que financiam campanhas eleitorais americanas. A maior ironia de todas? O bolsonarismo, que sempre tentou se apropriar do Pix, agora vê o “mito” se voltar contra ele.