Ataque de Trump com tarifaço mira o BRICS

Uma análise contundente sobre o cenário político-econômico global e os impactos diretos sobre o Brasil. Assim foi a participação do secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Augusto Vasconcelos, na 27ª Conferência dos Bancários da Bahia e Sergipe, neste sábado.

Por Rose Lima

Uma análise contundente sobre o cenário político-econômico global e os impactos diretos sobre o Brasil. O atual momento exige ação firme do movimento sindical, social e das forças progressistas do país contra o tarifaço de Trump e em defesa da soberania. Assim foi a participação do secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Augusto Vasconcelos, na 27ª Conferência dos Bancários da Bahia e Sergipe, neste sábado (19/07).

 

A medida dos EUA é política e geoestratégica. Um ataque direto ao Brasil enquanto membro ativo do BRICS, bloco que vem liderando uma nova lógica mundial de desenvolvimento, comércio e soberania. E o aumento de 50% nas tarifas americanas sobre produtos brasileiros é uma tentativa de frear o avanço de uma nova ordem global multipolar, que não aceita mais a imposição de um único centro de poder econômico.

 

O secretário ressaltou que os EUA, em franco declínio, enfrentam uma China cada vez mais fortalecida, que lidera a reindustrialização global e pavimenta o caminho para novos paradigmas comerciais, como os que estão sendo debatidos no âmbito do BRICS. “É o mundo tentando se libertar da ditadura do dólar. O tarifaço é um recado claro: os EUA estão em guerra com o avanço do BRICS, e Bolsonaro é apenas uma cortina de fumaça. O alvo é maior”, disse.

 

 

Crise ou oportunidade?

Apesar do impacto na cadeia produtora nacional, economistas mais pessimistas preveem possível redução de 0,5% no PIB brasileiro em decorrência das tarifas, o secretário vê o momento como estratégico. Os movimentos sindicais e sociais devem assumir a responsabilidade histórica que têm e liderar a classe trabalhadora não apenas em pautas corporativas, mas na reconstrução do país.

 

“A tarefa não é simples. Mas também não é nova. O movimento sindical nasceu na luta contra a exploração e as injustiças, e é esse DNA que precisa pulsar de novo nas ruas, nos locais de trabalho, nas redes sociais e na política”, enfatizou.

 

 

Juros altos: o segundo ataque

Augusto Vasconcelos também criticou duramente a política monetária imposta pelo Banco Central. Com a taxa Selic em níveis abusivos (15% ao ano), o Brasil transfere bilhões de reais para o sistema financeiro, em um cenário em que a inflação está controlada, atualmente em 3,5%, que, segundo ele, é excessivamente conservadora.

 

“Cada 1% a mais na Selic representa R$ 70 bilhões que saem do bolso do povo e vão para apenas 12 empresas. Destas, seis são grandes bancos. É uma transferência de renda injustificável e antinacional”, denunciou. Segundo ele, a inflação brasileira não é causada por excesso de consumo, como o BC alega, mas por fatores como o câmbio, o clima e o desequilíbrio global. “É a política monetária atuando como sabotagem contra o desenvolvimento.”

 

 

O papel de Lula e a reação do Brasil

O secretário também reforçou o papel do presidente Lula como estadista diante da crise. Lula está certo em buscar o diálogo com os EUA, mas também está certo ao não baixar a cabeça. Se não houver entendimento, é dever do Brasil denunciar o caso à OMC (Organização Mundial do Comércio) e buscar alternativas comerciais com soberania.

 

O Brasil está crescendo apesar da sabotagem da extrema-direita no Congresso, que atua como uma bancada do atraso. A imensa maioria vota contra a taxação dos super-ricos, contra o reajuste do salário mínimo acima da inflação, contra o BPC, contra a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil. São inimigos do povo.

 

A categoria bancária, que historicamente protagonizou grandes mobilizações nacionais, deve agora unir forças, ir às ruas, conversar nos locais de trabalho, de formar consciência. “Precisamos resgatar a autoestima do trabalhador brasileiro”, concluiu.