No Bradesco, mais participação nos lucros

O Supera substitui o antigo e injusto Prêmio por Desempenho Extraordinário (PDE), que beneficiava apenas uma parcela da categoria, privilegiando exclusivamente a área comercial e aprofundando as desigualdades internas.

Por Julia Portela

Os bancários em todo o país do Bradesco aprovaram, em assembleias realizadas na sexta-feira (29), a proposta para o novo PPR (Programa de Participação nos Resultados), batizado de Supera. A proposta representa uma conquista importante da organização sindical, ao ampliar significativamente o alcance da distribuição de lucros, pauta que sempre foi defendida com firmeza pelos trabalhadores e representantes.

 


Nos próximos dias, os sindicatos devem formalizar a assinatura do acordo com o banco. O Supera substitui o antigo e injusto Prêmio por Desempenho Extraordinário (PDE), que beneficiava apenas uma parcela da categoria, privilegiando exclusivamente a área comercial e aprofundando as desigualdades internas. Agora, o novo programa reconhece o esforço de milhares de bancários, essenciais para fazer o banco lucrar bilhões.

 


A estrutura do programa se divide em três ciclos. Já no primeiro, cerca de 48 mil trabalhadores serão contemplados, aproximadamente 65% do quadro funcional do banco. É um avanço inegável: bancários que antes eram invisibilizados nas premiações do lucro agora passam a ter vez.

 


Um dos principais méritos da proposta é estabelecer uma meta de participação mais acessível. Para garantir o pagamento, o trabalhador precisa atingir 95% dos objetivos, ao contrário do PDE, que só premiava metas acima de 101%. A mudança reflete uma das principais pautas do movimento sindical: a valorização concreta do trabalho coletivo, e não apenas do hiperdesempenho individual imposto pela lógica neoliberal de metas abusivas.  

 


Além disso, o novo programa inclui o chamado Programa de Remuneração Bradesco (PRB), no valor mínimo de R$ 1.000, destinado aos trabalhadores da força de vendas que não alcançarem os 95% e também aos colegas de outras áreas. O pagamento está condicionado a um indicador de rentabilidade (ROAE) de 15,5% em 2025. Caso o banco que já lucra bilhões atinja 17%, o valor sobe para R$ 2.000; se atingir 18,5%, vai a R$ 2.500.

 


Outro ponto importante é a periodicidade do pagamento: o Supera será pago a cada seis meses, o que amplia as chances de recebimento mesmo em períodos de instabilidade ou metas abaixo do ideal. Em tempos de pressão constante e instabilidade econômica, é um respiro que reconhece a jornada real de quem move o banco no dia a dia.