A resistência sindical contra os juros altos

O movimento sindical reafirmou a importância como pilar do debate econômico e da defesa democrática. Ao expor que a inflação não decorria de pressões salariais, as centrais sindicais combateram a narrativa de que o controle de preços exige arrocho contra o trabalhador.

Por Ana Beatriz Leal

O cenário econômico brasileiro em 2025 foi marcado por um forte contraste entre a resiliência do mercado interno e o freio imposto pela política monetária. Após um ciclo de altas consecutivas iniciadas no final de 2024, a taxa Selic atingiu os 15% ao ano em junho de 2025, patamar mais elevado desde 2006 e que se mantém até hoje.

 

Os juros excessivos são o principal vilão do ano, inibindo o crédito, encarecendo o financiamento das empresas e limitando o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que deve fechar o ano acima de 2%. Apesar do "garrote" financeiro, indicadores revelam uma economia forte. O país alcançou a menor taxa de desemprego da série histórica e manteve a inflação em convergência para a meta, impulsionada pela retomada da política de valorização do salário mínimo e pela ampliação da isenção do Imposto de Renda.

 

Os avanços são frutos diretos da ação estatal e do fortalecimento do consumo das famílias, que atuaram como amortecedores contra as medidas do Banco Central e as instabilidades políticas geradas pela oposição e por fatores externos, como o protecionismo econômico dos EUA.

 

Neste contexto, o movimento sindical reafirmou a importância como pilar do debate econômico e da defesa democrática. Ao expor que a inflação não decorria de pressões salariais, as centrais sindicais combateram a narrativa de que o controle de preços exige arrocho contra o trabalhador. A atuação das entidades tem sido decisiva para denunciar a financeirização que drena mais de 6% do PIB para o pagamento de juros da dívida pública, recursos que poderiam financiar a "Nova Indústria Brasil" e a ciência e tecnologia. Para além de questões salariais, o sindicalismo se posiciona como um escudo contra ataques aos direitos sociais e à soberania nacional.