Adoecimento mental deve ser reconhecido
Os bancos tentam “tapar o sol com a peneira” ao negar o agravamento das doenças mentais na categoria. Diante da tentativa de mascarar a realidade, as manifestações da campanha salarial, nesta quinta-feira (01/08) tiveram a defesa da saúde como foco principal.
Por Ney Sá
Os bancos tentam “tapar o sol com a peneira” ao negar o agravamento das doenças mentais na categoria. Diante da tentativa de mascarar a realidade, as manifestações da campanha salarial, nesta quinta-feira (01/08) tiveram a defesa da saúde como foco principal.
A estratégia negacionista das empresas é velha conhecida. Ainda na década de 90, os sindicatos enfrentaram o mesmo problema em relação à epidemia de LER/Dort (Lesões por Esforço Repetitivo e Doenças Osteomusculares) na categoria. Na época, a postura dos bancos foi também de negar o fato.
Muitos estudos científicos no período, coordenados por Universidades, Serviços de Referência em Saúde do Trabalhador e pelo Ministério Público do Trabalho, demonstraram a importância das condições de trabalho para o agravo das lesões e doenças osteomusculares e o INSS passou a reconhecer como doenças relacionadas ao trabalho. Quem lembra é o diretor de Saúde do Sindicato, Célio Pereira.
Até 2012, essas doenças eram as principais causas de afastamento entre os bancários. Mas, a partir de 2013, o isso começou a mudar. Os afastamentos previdenciários (B31) relativos as doenças mentais saíram de 23% em 2012 para 40% em 2022. Os afastamentos acidentários (B91) relativos aos problemas de saúde de cunho psicológico também deram um salto, de 30% em 2012 para 57% em 2022.
Os dados são muitos e bem robustos. Os bancários representam menos de um por cento (0.8%) dos trabalhadores formais do Brasil. No entanto, respondem por cerca de 25% dos afastamentos por doenças mentais e comportamentais junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Os números aí estão e não mentem. A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) vai ter de reconhecer a ligação entre o adoecimento e as metas abusivas, ambientes tóxicos, assédio e pressões de toda ordem a que a categoria está submetida.