São 18 milhões sem acesso diário à água 

Para milhões de famílias trabalhadoras, cozinhar, tomar banho ou simplesmente beber água seguem sendo desafios diários, enquanto governos e grandes empresas tratam a água como mercadoria, não como direito humano.

Por Julia Portela

No Brasil, ter água todo dia na torneira ainda é privilégio e não um direito garantido. Em pleno século XXI, 18,1 milhões de pessoas continuam sem abastecimento diário, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE.

 

Entre elas, 8,5 milhões só têm água entre 1 e 3 dias por semana (4,7%) e 9,6 milhões recebem de 4 a 6 dias (5,3%). Para milhões de famílias trabalhadoras, cozinhar, tomar banho ou simplesmente beber água seguem sendo desafios diários, enquanto governos e grandes empresas tratam a água como mercadoria, não como direito humano.

 

A desigualdade regional escancara o abismo social. Enquanto no Distrito Federal 98,1% da população têm acesso diário à água e em Mato Grosso do Sul 97,9%, em estados como Pernambuco (44,2%) e Acre (48,5%), menos da metade da população pode contar com o básico. A Bahia também enfrenta uma realidade preocupante: apenas 71,7% dos moradores têm água diariamente. A diferença entre campo e cidade também segue gritante: 93,4% dos lares urbanos receberam água da rede geral no último ano, contra apenas 31,7% na zona rural. No campo, milhões seguem sendo tratados como cidadãos de segunda categoria.

 

Apesar dos avanços da política social, ainda há muito a se fazer. A garantia de dignidade é mais do que necessária em um país tão grande em extensão. O Brasil precisa encarar a água como direito inegociável, não como mercadoria.