Epidemia da saúde mental desafia o Brasil
Entre os setores mais afetados, destaca-se a administração pública, bancos, hospitais, transportes coletivos e serviços de segurança. As profissões com maior número de afastamentos incluem motoristas de ônibus, técnicos de enfermagem, vigilantes e, com destaque, bancários: escriturários, caixas e gerentes de contas.
Por Rose Lima
O Brasil enfrenta uma grave crise de saúde mental que deixa marcas profundas no cotidiano dos trabalhadores e no funcionamento das empresas. Em 2024, o país registrou 471.649 afastamentos do trabalho por transtornos mentais, salto de mais de 66% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério da Previdência Social. É o maior número da última década.
Entre os setores mais afetados, destaca-se a administração pública, bancos, hospitais, transportes coletivos e serviços de segurança. As profissões com maior número de afastamentos incluem motoristas de ônibus, técnicos de enfermagem, vigilantes e, com destaque, bancários: escriturários, caixas e gerentes de contas.
Ansiedade, depressão e transtornos de adaptação são os principais motivos dos afastamentos. Especialistas atribuem o aumento à pressão crescente no trabalho, à precarização das condições laborais e aos efeitos ainda persistentes da pandemia de Covid-19.
A atualização da NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), que passa a exigir que empresas avaliem os chamados fatores psicossociais de risco nos PGR (Programas de Gerenciamento de Riscos) marca uma virada na cultura organizacional: a saúde do trabalhador passa a ser vista de forma mais ampla, indo além da prevenção de acidentes físicos. Para o Ministério da Saúde, “os problemas de saúde mental resultam da coletividade”, e exigem ações estruturais, políticas públicas e ambientes de trabalho mais humanos.
Além do sofrimento individual, a crise tem alto custo social e econômico. A produtividade cai, o clima nas equipes se desgasta e o sistema previdenciário é pressionado por milhares de afastamentos.