IA nos bancos: ao invés de eficiência, exclusão
As transformações do mercado de trabalho preocupam o Comando Nacional dos Bancários, que vai levar questionamentos para a “Negociação Nacional Bancária sobre Novas Tecnologias, como a IA, e a Atividade Bancária”, agendada para a próxima segunda-feira (28/07).
Por Ana Beatriz Leal
A inteligência artificial já é uma realidade nos bancos brasileiros. De acordo com a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), 80% das instituições financeiras utilizam IA nas operações, com investimentos que devem atingir R$ 47,8 bilhões em este ano. O custo do avanço tecnológico, no entanto, está sendo pago pelos trabalhadores.
Somente no primeiro trimestre deste ano, o setor bancário formal eliminou 1.197 vagas, alta de 67,8% em relação ao mesmo período de 2024. Nos últimos 12 meses, 7.473 postos de trabalho a menos. Ao mesmo tempo, houve crescimento na área de TI: 1.842 novas vagas.
Além do desemprego, a IA pode aprofundar desigualdades, inclusive de gênero. Das vagas eliminadas, 66,5% eram ocupadas por mulheres. Na área de TI, elas são apenas 25,2% dos trabalhadores.
As transformações do mercado de trabalho preocupam o Comando Nacional dos Bancários, que vai levar questionamentos para a “Negociação Nacional Bancária sobre Novas Tecnologias, como a IA, e a Atividade Bancária”, agendada para a próxima segunda-feira (28/07).
Segundo estudo da LCA 4Intelligence, 31,3 milhões de ocupações no Brasil serão impactadas pela IA. Destas, 5,5 milhões correm risco de automação total e 4 milhões estão ligadas a funções administrativas, como as exercidas por escriturários bancários.
O estudo destaca ainda que as mulheres têm duas vezes mais chances de serem expostas à IA generativa, já que estão mais concentradas nas ocupações que sofrem maior risco de automação, a exemplo de áreas administrativas e de atendimento ao cliente.
A evolução tecnológica acelerada, que beneficia o dono do capital, precisa estar aliada a uma transição justa e à proteção de empregos.