Usura do rentismo e a escalada de juros
A manutenção da Selic nas alturas, hoje em 15% ao ano, tem sido decisiva para que o Brasil continue em segundo lugar no ranking de maiores juros reais do mundo. Inclusive, é o maior nível em quase 20 anos. O patamar elevado é resultado da política monetária predatória do Banco Central.
Por Ana Beatriz Leal
A manutenção da Selic nas alturas, hoje em 15% ao ano, tem sido decisiva para que o Brasil continue em segundo lugar no ranking de maiores juros reais do mundo. Inclusive, é o maior nível em quase 20 anos. O patamar elevado é resultado da política monetária predatória do Banco Central.
Enquanto o BC continuar servindo à especulação, os juros reais do Brasil ficaram em 9,51%. Abaixo apenas da Turquia, que tem 12,34%. Em terceiro lugar aparece a Rússia (4,79%). O índice é formado, entre outras coisas, pela taxa de juros nominal subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses.
A taxa escandalosa, que favorece o rentismo e o sistema financeiro, torna o crédito mais caro, reduz o investimento e o consumo, o que interfere no crescimento econômico na geração de empregos.
Os prejuízos são incontestáveis. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), os juros médios cobrados da população pularam de 36% em 2021 para mais de 56% este ano. A cada 0,25 ponto percentual de aumento da Selic, o gasto com a dívida pública cresce em mais de R$ 12 bilhões ao ano.
Nos últimos 12 meses, o governo federal desembolsou R$ 928,4 bilhões em juros da dívida, valor equivalente a mais de cinco vezes o orçamento da Educação e três vezes o da Saúde. Direção totalmente contrária do projeto de desenvolvimento sustentável com justiça social.