Audiência Pública discute digitalização
O avanço da digitalização tem sido usado pelos bancos como justificativa para encerrar agências e reduzir postos de trabalho, o que aprofunda o desemprego e compromete o atendimento à população, especialmente em regiões periféricas e no interior do país.
Por Julia Portela
A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (14/10), uma audiência pública para discutir a digitalização e o fechamento de agências bancárias em todo o país. O debate, presidido pelo deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), reuniu representantes da categoria bancária, instituições financeiras, fintechs, entidades de defesa do consumidor e especialistas no tema.
O avanço da digitalização tem sido usado pelos bancos como justificativa para encerrar agências e reduzir postos de trabalho, o que aprofunda o desemprego e compromete o atendimento à população, especialmente em regiões periféricas e no interior do país. Milhares de bancários são demitidos e milhões de cidadãos ficam sem acesso a um serviço essencial, reforçando a exclusão digital e social.
A audiência destacou que a digitalização não pode servir de pretexto para retirar direitos e desumanizar o atendimento. O fechamento de agências afeta idosos, pessoas com deficiência e trabalhadores que dependem do serviço presencial para garantir o acesso a benefícios, salários e orientações financeiras básicas. É urgente enfrentar a política de lucros exorbitantes à custa do desemprego e da precarização do atendimento.
No mesmo dia, ocorreu também em Brasília uma audiência em homenagem aos 40 anos da greve nacional dos bancários, um marco histórico da luta sindical brasileira. A paralisação, realizada em 1985, durante o processo de redemocratização, rompeu o silêncio imposto por duas décadas de repressão e reafirmou o papel fundamental dos trabalhadores na construção da democracia e na defesa de direitos.
A memória dessa luta se mantém viva diante do cenário atual, em que os bancos continuam priorizando o lucro em detrimento do trabalhador e do consumidor. O debate sobre o fechamento de agências é, portanto, também uma reafirmação da necessidade de resistência e de fortalecimento da organização sindical para garantir emprego, dignidade e acesso a serviços públicos de qualidade.