Desigualdade escolar, injustiça social

Mesmo o estado com melhor desempenho não consegue assegurar que mais de um quinto dos estudantes conclua a escola na idade certa e com formação adequada.

Por Julia Portela

Somente 15,5% dos jovens brasileiros concluem o ensino médio na idade correta e com o aprendizado mínimo em português e matemática. O dado, revelado pelo IIE (Índice de Inclusão Educacional), escancara a crise educacional mantida por políticas que tratam a educação como mercadoria e não como direito social.

 

 

O cruzamento de informações do Saeb, Censo Escolar, e Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio) Contínua evidencia que o Estado tem falhado duplamente: não garante permanência escolar nem oferece condições reais de aprendizagem. Em um país marcado por desigualdades, a juventude trabalhadora segue sendo a principal vítima de um modelo excludente e elitista.

 

 

A disparidade entre regiões reforça o abismo social. A taxa de jovens que aprendem o mínimo esperado vai de apenas 5,6% no Amapá a 20,4% no Paraná. Mesmo o estado com melhor desempenho não consegue assegurar que mais de um quinto dos estudantes conclua a escola na idade certa e com formação adequada. Trata-se de um fracasso sistêmico alimentado por décadas de desmonte de políticas públicas.

 

 

Este cenário não se explica por falta de capacidade da juventude, mas por escolhas políticas. Quando o país opta por cortar investimentos, precarizar o ensino público e privilegiar interesses econômicos, consolida a exclusão social e empurra milhões para a informalidade, o desemprego e a violência.

 

 

Superar este quadro exige compromisso real com justiça social, financiamento permanente e políticas educacionais duradouras, que rompam com a lógica de austeridade e priorizem a construção de um futuro digno. Educação pública de qualidade não pode ser promessa, precisa ser projeto de país.