Presença territorial muda consciência ambiental
Os dados evidenciam que políticas públicas permanentes e investimentos estruturados em educação ambiental geram resultados concretos, enquanto modelos de gestão ultraliberais, baseados no desmonte do Estado, aprofundam a desinformação e o distanciamento social em relação às questões ambientais.
Por Julia Portela
Estudo elaborado pelo Programa Maré de Ciência, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em parceria com a Rede Biomar, comprova que regiões com projetos ambientais de longa duração registram aumento de até 20% na consciência ecológica da população. A pesquisa analisou iniciativas consolidadas como Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador e Meros do Brasil, revelando que a presença contínua desses projetos fortalece o vínculo das comunidades com o território e com a defesa dos bens naturais.
Foram ouvidos 1.803 moradores de municípios costeiros, e 1.501 pessoas conheciam ao menos um dos projetos e 302 eram integrantes de um grupo de controle sem contato com as iniciativas. Os dados evidenciam que políticas públicas permanentes e investimentos estruturados em educação ambiental geram resultados concretos, enquanto modelos de gestão ultraliberais, baseados no desmonte do Estado, aprofundam a desinformação e o distanciamento social em relação às questões ambientais.
Os resultados reforçam que educação ambiental é um processo de longo prazo, dependente de presença territorial, investimento público e participação popular. Experiências com mais de 20 e 30 anos de atuação comprovam que apenas políticas estruturantes, baseadas na justiça social e na soberania dos povos sobre seus territórios, são capazes de formar uma consciência ambiental sólida e enfrentar os retrocessos impostos por agendas ultraliberais.
