CTT se reúne no combate ao assédio
A CCT estabeleceu obrigações claras para os bancos, que agora precisam ser efetivamente implementadas, sem maquiagem e sem descumprimentos disfarçados de “ajustes internos”.
Por Julia Portela
Nesta quarta-feira (26), o Comando Nacional dos Bancários retoma a negociação com a Fenaban para cobrar o cumprimento integral das cláusulas de combate ao assédio moral, sexual e demais formas de violência previstas na CCT (Convenção Coletiva de Trabalho). O tema, central para a saúde e segurança da categoria, não admite retrocessos nem adiamentos.
A inclusão explícita do enfrentamento ao assédio na Campanha Nacional de 2024 representou uma conquista histórica para os trabalhadores, fruto da pressão sindical diante de um setor marcado por metas abusivas e práticas que adoecem. A CCT estabeleceu obrigações claras para os bancos, que agora precisam ser efetivamente implementadas, sem maquiagem e sem descumprimentos disfarçados de “ajustes internos”.
Embora a Fenaban afirme que todas as instituições financeiras já possuam canais de denúncia e acolhimento, a realidade mostra que esses mecanismos não foram estruturados conforme determina a CCT. A ausência de canais separados para denúncia e acolhimento fragiliza a confiança das vítimas e compromete a segurança necessária para que casos de violência sejam comunicados. Além disso, nem todos os bancos produziram materiais de orientação adequados ou divulgaram ações de repúdio, evidenciando a lentidão do setor em cumprir o básico.
Na última mesa, foram identificados pontos que seguem sem solução e impedem a aplicação efetiva das cláusulas. Entre eles, a garantia de sigilo absoluto e a separação dos dados de assédio moral e sexual daqueles classificados como “outras formas de violência”, condição essencial para dimensionar corretamente o problema e avançar em políticas de combate.
A categoria exige rigor, transparência e comprometimento real dos bancos. O enfrentamento ao assédio não pode ser tratado como formalidade burocrática, mas como obrigação inegociável de um setor que lucra alto e deve respeito a cada trabalhadora e trabalhador.
