COLUNA SAQUE
TRAMA REVELADA
O acerto da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de mandar prender Mauro Cid, ex-ajudante de ordem da Presidência, se comprova mais uma vez com a revelação do tenente-coronel de que, ano passado, o então comandante do Exército, general Freire Gomes, chegou a ameaçar prender Bolsonaro, caso insistisse no plano golpista. A denúncia é gravíssima.
SEMPRE ASSIM
É da tradição golpista das Forças Armadas. Na reunião de 24 de novembro do ano passado, quando o general Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro por querer dar golpe, o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, apoiou o plano do então presidente, enquanto o da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Batista, ficou caladinho. A caserna tem aversão à democracia.
PRESSÃO EXTERNA
A delação de Mauro Cid sobre o plano golpista de Bolsonaro deixa ainda mais claro que a resistência democrática interna foi muito importante, porém a posição dos EUA, mais precisamente do governo Biden, de pressionarem os militares brasileiros a aceitarem o resultado das urnas, foi decisiva para impedir mais um golpe no Brasil. No capitalismo periférico funciona assim.
CRIME EVIDENTE
A clara e perigosa disposição da extrema direita de afrontar a Constituição, forjar tensão institucional e fabricar conflitos entre os poderes fica evidente na ameaça da reacionária bancada ruralista, de paralisar o Parlamento apenas porque o STF julgou ilegal o marco temporal, que só considerava terras indígenas aquelas ocupadas em 1988. Está desafiando a lei. Criminosamente.
MANIA PERIGOSA
Que sirva de lição, pois as conveniências de hoje podem se tornar os monstros de amanhã. Vale lembrar, o marco temporal, que só reconhecia como terra indígena a que estava ocupada em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição, teve como base parecer da AGU, em 2009, governo Lula, para demarcação na reserva Raposa Serra do Sol (RR).